30 outubro 2005

Do fado e do erotismo



"Se calhar as fadistas estão mais bonitas hoje, ou direi deliciosamente eróticas?"

Nem uma coisa, nem outra.
Amália ou Hermínia, por exemplo, eram deliciosas no esplendor do preto e branco.
Eram mulheres. Bonitas.
Hoje há émulos. E há, principalmente, a lógica da mediatização.

Post-Scriptum. Relativizar o desejo é "simplesmente impossível porque este habita fundamentalmente o binómio emoção e líbido". Não, não é impossível. Antes pelo contrário, será um desígnio, uma inevitabilidade. Porque se não fosse possível relativizá-lo, como funcionaria a sociedade? Ou seja: Como não relativizar o desejo, quando ele é, maioritariamente, uma projecção?

2 reacções:

At 12:21 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 11:52 da tarde, Blogger linfócittos said...

1 - Trata-se tudo da mesma coisa. O que é isso de coisa Bela? Quem define os seus atributos? Qual é a diferença entre os padrões 'pessoais' e os padrões 'sociais' de Beleza.
O Belo é uma dimensão subjectiva acima de tudo e produto de várias ideias-modelo que envelhecem connosco. A primeira Bela Mulher é a nossa mãe, a seguir vêm junto a uma Certa Paixão que nos marca, a seguir é a primeira Filha e por aí adiante...
Amália Rodrigues fora das telas perfeitas dos fotógrafos e realizadores apresentava um olhar mortiço e uma pele baça. Era uma mulher demasiado pálida e, por isso, aqueles vermelhos quase pretos nos lábios eram deslumbrantes nos suportes publicitários.
Marilyn Monroe entre filmagens e fora do enfoque 'fabricado' não era particularmente atraente e Hermínia... não a tenho presente na memória.
O que é a sociedade de informação e espectáculo 'imediatiza' - como tão bem foi dito - e lança deslumbrantemente que estas mulheres possuam?
Prado Coelho chamava-lhe «um vento de loucura que avança pela noite adentro» e ousava o surgimento do "transfado" e já não o fado comum. Uma descrição muito sedutora e oportuna para justificar o seu fado "reinventado" e valentes desejos entre-pernas-e-coração que o Prado Coelho deve ter quando observa estas mulheres diabolizadas pela máquina espectáculo.

2 - Vamos ao que interessa e que é a teoria do Desejo vrs Crença (tu chamas-lhe projecção) e onde se defende que o Desejo reside numa vontade e numa determinada correspondência de objecto, acção, sentimento... (A CRENÇA). Ou seja, sem uma "crença" (com valor e importância) não temos o desejo X sobre o mundo! É assim que nos estabelecemos para o exterior - nesta relação nós-mundo (desejo-correspondência no mundo). Por um lado é o Mundo que nos desperta o desejo X sobre ele. No entanto o Desejo nem sempre 'nos' exige que tenha vida em acção, Percebes porque é que o Homem sendo uma espécie tão imprevisível e indomável até "funciona"?
Voltando ao fado, como vês o Desejo é erudito e a crença 'mundana'. Achas que o Prado Coelho conseguiria escrever na mesma tão elegantemente com o seu corpo e perante estes nocturnos femininos?

 

Enviar um comentário

<< Home